Dentre suas diversas vantagens — como leveza, transparência, resistência mecânica e química, além de um impacto ambiental superior a outros materiais — o PET (politereftalato de etileno) se destaca também pelo elevado índice de reciclagem.
Enquanto a média nacional de reciclagem de plásticos pós-consumo é de 25,6%, o PET alcança impressionantes 56,4%, segundo o Censo da Reciclagem do PET no Brasil, realizado pela ABIPET (Associação Brasileira da Indústria do PET).
O estudo revela que, em 2021, foram recicladas 359 mil toneladas de PET pós-consumo, o maior volume registrado desde 2014.
Setores que mais utilizam PET reciclado
O principal consumidor da resina reciclada, representando 29% do total, é o setor que fabrica pré-formas e garrafas para água, refrigerantes, energéticos e bebidas não alcoólicas. Essa alta demanda se deve, em parte, ao fato de o PET ser a única resina plástica reciclada aprovada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a produção de embalagens que entram em contato com alimentos.
Os fabricantes de produtos têxteis ocupam o segundo lugar no consumo, com 24%, seguidos por indústrias de bobinas e termoformagem, que representam 17%.
Em termos financeiros, a ABIPET estima que a reciclagem de embalagens PET movimenta R$ 3,6 bilhões no Brasil, sendo que aproximadamente 30% desse valor permanece na fase de coleta, entre catadores, cooperativas e sucateiros.
Potencial para aumentar a reciclagem
Apesar do elevado índice de reciclagem do PET, o presidente da ABIPET, Auri Marçon, acredita que esse número poderia ser ainda maior se os municípios brasileiros implementassem sistemas públicos eficazes de coleta seletiva, conforme determina a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Ele observa que essa implementação tem sido sistematicamente adiada nos últimos anos.
“Isso facilitaria a recuperação de materiais recicláveis e melhoraria as condições para a destinação do lixo urbano. Sem um sistema robusto de coleta e triagem, é difícil aumentar a taxa de reciclagem”, afirma.
Desafios atuais
O Censo da Reciclagem confirma que apenas 4% do material reciclável de PET provém da coleta seletiva realizada pelos municípios, o que representa um desafio significativo para o setor. A falta de cumprimento das obrigações municipais resulta em descartes inadequados, enquanto recicladores enfrentam ociosidade de até 40% e, em alguns casos, precisam interromper suas atividades.
“Estamos descartando material valioso que poderia gerar empregos e renda no Brasil, além de contribuir para a preservação ambiental”, lamenta Marçon. Ele ressalta a frustração de ver investimentos substanciais em infraestrutura de reciclagem se tornando ociosos por falta de material.
O Censo da Reciclagem do PET no Brasil entrevistou mais de 140 indústrias, abrangendo recicladores, integradores e aplicadores.
Legislação em debate
Atualmente, as embalagens PET estão no centro de um projeto de lei em tramitação no Senado que visa obrigar que todas as garrafas fabricadas com essa resina tenham tampas que permaneçam presas após abertas. O objetivo é reduzir o descarte separado das tampas, minimizando os impactos ambientais.
Marçon reconhece que o tema é controverso entre as empresas do setor, refletindo uma discussão também presente na União Europeia. Ele argumenta que, na prática, essa mudança teria um impacto limitado nas operações de reciclagem no Brasil, já que os diferentes componentes das embalagens PET são separados nos processos de reciclagem atuais.
Do ponto de vista econômico, essa exigência poderia elevar ligeiramente o custo para o consumidor, uma vez que as tampas acopladas (Tethered Caps) são mais caras, afetando produtos de baixo valor agregado, como água e refrigerantes, sem trazer grandes benefícios para a reciclagem.
“O reciclador de PET pode enfrentar custos adicionais, pois adquire o material como PET, mas os outros componentes não têm o mesmo valor de mercado”, conclui Marçon.
Se sua indústria utiliza PET reciclado como matéria-prima, compartilhe suas opiniões sobre como o índice de reciclagem pode ser ainda mais elevado.
Via: https://mundodoplastico.plasticobrasil.com.br/reciclagem/pet-e-resina-com-maior-indice-de-reciclagem-no-brasil – adaptado.