A preocupação com a sustentabilidade tem crescido tanto entre consumidores quanto nas empresas, que enfrentam uma pressão crescente por práticas mais responsáveis.
A adoção de estratégias de ESG não só protege o meio ambiente, mas também aumenta a competitividade e atrai investimentos.
Dentre essas práticas sustentáveis, a descarbonização se destaca como uma tendência em ascensão.
“Algumas organizações já estão avançando na descarbonização de suas operações, o que as coloca em vantagem em relação a outras que ainda estão no início de suas avaliações ESG”, afirma Henrique de Oliveira Brito, sócio-proprietário da Bristein Consultoria e cofundador da Greenway Insumos Sustentáveis e da Rede ESG Brasil.
O que é descarbonização? Descarbonizar uma atividade econômica envolve um conjunto de iniciativas destinadas a reduzir a emissão de carbono fóssil nessa atividade.
Segundo Brito, a descarbonização geralmente abrange:
- Emissões de CO2 e outros gases de efeito estufa resultantes da queima de combustíveis fósseis;
- Geração de energia elétrica;
- Modos de transporte;
- Processos industriais;
- Gestão de resíduos e efluentes;
- Práticas agropecuárias;
- Uso da terra e das florestas.
“O objetivo da descarbonização é combater o aquecimento global, limitando o aumento da temperatura média do planeta a menos de 2°C em relação aos níveis pré-industriais, com a meta de alcançar 1,5°C e a neutralidade de carbono até 2050”, explica.
Como iniciar? O primeiro passo para descarbonizar é conscientizar a alta administração da empresa. É importante considerar não apenas os impactos do aquecimento global, mas também os riscos e oportunidades para o negócio, além das ações necessárias para mitigar esses impactos.
Com a questão climática integrada à estratégia da empresa, o próximo passo é realizar um diagnóstico focado no Inventário de GEE e no levantamento do estoque de carbono.
Isso implica entender quais processos e produtos geram emissões de GEE (carbono positivo) e quais os armazenam (carbono negativo).
A partir desse diagnóstico, é possível desenvolver estruturas, estratégias, objetivos, metas e planos de ação para a descarbonização.
“Esse processo deve ser apoiado por um sistema de planejamento, execução, monitoramento, gestão e relatórios”, orienta Brito.
Embora possa parecer um desafio, Brito assegura que esse processo é viável para indústrias de todos os tamanhos. “A definição das estratégias e ações a serem implementadas deve levar em conta a capacidade da empresa de investir e os retornos esperados”.
Benefícios e desafios da descarbonização Adaptar a cultura e os processos pode ser um desafio para muitas organizações.
De acordo com o estudo “Desafios do Setor Empresarial Brasileiro na Jornada Net Zero”, realizado em 2023 pelo CEBDS e Boston Consulting Group, os principais obstáculos incluem:
- Incertezas e atrasos nas regulamentações;
- Dificuldade em engajar toda a cadeia de valor;
- Falta de referências setoriais adequadas para o Brasil;
- Limitações tecnológicas;
- Dificuldades na comparação dos resultados de descarbonização entre empresas devido à ausência de padrões.
Entretanto, os benefícios desse esforço são significativos, como a redução da exposição a riscos climáticos e regulatórios, maior eficiência operacional, redução de custos, inovação e vantagem competitiva em um mercado que valoriza a sustentabilidade.
Descarbonização na indústria do plástico No contexto da indústria do plástico, Brito destaca algumas ações específicas para a descarbonização:
- Avaliação das emissões de GEE (escopos 1, 2 e 3);
- Redesenho de processos para aumentar eficácia e produtividade;
- Melhoria na gestão e redução de perdas energéticas;
- Substituição de equipamentos por modelos mais eficientes;
- Transição de fontes não renováveis para energias renováveis certificadas;
- Ampliação da reciclagem e circularidade dos materiais;
- Uso de matérias-primas sustentáveis em vez de fósseis;
- Adoção de biopolímeros.
O Brasil tem avançado em regulamentações e programas que promovem a descarbonização da economia, como o Decreto Federal 12.106 de 10/07/2024, que incentiva a cadeia de reciclagem na indústria do plástico.
Outros avanços mencionados por Brito incluem o Programa de Mobilidade Verde e Inovação, o PL 2.308/2023, que estabelece um marco legal para o hidrogênio de baixo carbono, e o Programa Selo Verde Brasil.
Via: https://mundodoplastico.plasticobrasil.com.br/sustentabilidade/saiba-o-que-e-descarbonizacao-da-industria-e-como-adota-la – com adaptações.